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sábado, 10 de julho de 2010

Fotografia


O silêncio do tempo
Pausa e ponto
Tudo se fez estátua
Para em segundos virar papel,pessoas e lugares.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

samba número 1.


Sabe aquele samba que você me prometeu. Cadê?
Se perdeu no tempo junto com os nossos sonhos?
Foi para longe com os nossos beijinhos e carinhos ?
Ou se escondeu dentro dos nossos medos ?

É nego, não sei se dá para ficar assim
Você de um lado e eu do outro
Dois tolos sem saber colocar um fim
Do seu samba não quero mais nenhuma melodia
Em outro compasso encontrei minha alegria

Lá talvez encontre paz, uma cerveja e outro dengo
Outro sorriso, cor e direção
Onde eu possa ser feliz longe dos medos
Onde caiba justamente só o meu coração.

sábado, 17 de abril de 2010

a inércia do tempo

A instabilidade do ar, que não decide se é frio ou quente
As ruas gritam silêncio
As pessoas em suas casas trancadas estão embaladas pelo sono
A inércia não deixa alma alguma se mover.

Os medos se enroscam nos cobertores
E a fragilidade dos corações da margem ao chocolate
Presa pelo passado
Porque nada do futuro é pra agora
É tudo pra depois

E leve assim a tarde se esvai
A TV tagarela sussurros inaudíveis
O tempo ainda não se decidiu se é claro ou escuro
E a inércia me faz não mover passo algum
Só os pensamentos que continuam aqui descontrolados.

sábado, 20 de março de 2010

ser humano.

E eu que pensava que de tudo já tinha sentido
Que de tudo já tinha vivido
Vejo que o mundo não é tão desnudo de surpresas
E no próximo passo o drama pode ser nem mais drama
E a alegria volta a pulsar ardentemente nas veias

O rubro do rosto volta acontecer
O coração que de tão frenético se ouve ao longe
As pernas bambas, o frio na barriga que grita
Parece que a melancolia disse arevouar.

E o engraçado é perceber
Que é essa instabilidade que me move (que nos move)
Que me faz não ser só ser, mas ser humano.


Foto:Festival de cores,na Índia. Tirada por :Poras Chaudhary.

terça-feira, 9 de março de 2010

Abre parêntese, saudade.


Que saudades do vestido branco
Das companhias sinceras
Dos abraços sem fim
Das palavras sempre inspiradoras
E aquela casa,tão completa
Repleta de história
Faz falta nos meus dias
É muito triste acordar, sem ver aqueles quase centenários portões
Mas se a saudade eu levo
As lembranças eu guardo
Guardo todo o aprendizado e cidadania que lá me foram cultivados
Guardo as manhãs cansativas
E as tardes a peregrinar por aqueles traços de floresta
Guardo a imensidão de sorrisos
E os olhos chorrosos na despedida
Guardo tanta coisa,guardo tanta gente
E como dói lembrar de tudo como se fosse ontem
Dói no coração a saudade que eu sinto delas
Das minhas queridas,das minhas manhãs,da minha ED.
Foto: entrada da Escola Doméstica de Natal

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Prematuro


Às vezes a vontade de nascer o novo,vem do nada
Como um prematuro que berra antes do fim da gestação
Com base na minha psicanálise de receita, acho que é saudade.
Saudade de saborear cada estúpida palavra brotante ou broxante
Não sei, do dom eu fujo, acredito ser desejo.
O sórdido orgulho de dizer foi eu quem fez!
E nesses traços nada concretos eu vos falo da arte pela arte.
Da metalinguagem de mim mesma.
Como se cada verso fossem filhos meus, pelos quais tenho cuidado.

Não sei bem se me definiria Poeta.
Boêmio, bêbado, louco, explodido de amor, cigarros e mais cigarros.
Sabe: eu não.
No meu mais contido trajar:
Sou na minha, morena ,de poucas paixões e da bebida só a água.
Mas há uma vontade que me engole,
Como se existisse dentro de mim um monstro compulsivo pelas letras.
Que de vê-las sorrirem, se torna feliz também.

A como é maravilhoso esse nosso mundo.
Nós, vagabundos de livros.
Nós que sabemos que mesmo na exatidão dos cálculos,
O amor é medido por palavras.
Nós deste mundo, onde nenhuma bomba é capaz de destruir a vontade de um ser.

E o engraçado é que poderíamos termina assim: com um grande fina le.
Mas não, insistimos em não querer parar.
E isso acaba até o próximo ataque de abstinência.
Quando o corpo quer mais e mais.
É estranho ser assim, mas não há nada fazer.
O que resta é aceitar essa vida assimétrica.
E esperar até os próximos descompassados poemas.



Foto: ilustração intitulada mãos e metalinguagem.

domingo, 3 de janeiro de 2010

As rugas que me emocionam


As rugas que emocionam
O afago semanal
Entre grisalhos cabelos e longas orelhas
O aconchego dos carinhos
Os meus velhinhos
Com as marcas mais verozes do tempo
Linhas da verdade, da história.
Do que fomos nós, do que seremos.
Eles são o futuro que eu guardo
As lembranças da Água Marinha
Das ladeiras com cabelos ao vento
E livros a se espalhar pelas calçadas
As tardes nos 47 a beijar Potilândia
Assim um pouco do meu Eu.
Do que sou.
Isso me deixa muito mais completa
Repleta de brilho
Os sorrisos que eu guardo
As cócegas que me envolvem.
Borboletas que me segredam as rimas
Contam-me que aqui é melhor.
Kassandra Lopes
Foto:gettyimagens.